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A coleção de microalgas de água doce existente na Universidade de Coimbra é considerada "a maior do mundo", mas as suas potencialidades estão longe de serem aproveitadas, sendo os estrangeiros os maiores beneficiados até agora, noticia a agência Lusa.

Na Algoteca da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) estão quatro mil estirpes diferentes de microalgas de água doce, mais de 300 géneros e mil espécies isoladas de uma vasta gama de habitats, informou esta quarta-feira a instituição.

Trata-se da "maior colecção de algas do mundo" - à frente da existente na Universidade do Texas, em Austin -, que tem sido procurada sobretudo por cientistas e universidades estrangeiras, para investigação fundamental, disse esta quarta-feira a bióloga Lília Santos, coordenadora da Algoteca.

As microalgas foram colhidas em albufeiras, rios, charcos, monumentos, estátuas, vitrais e paredes, e muitas delas são únicas.

"Temos recebido muitos pedidos a partir da Alemanha, Estados Unidos e Canadá", referiu a especialista, sublinhando que são os estrangeiros os que mais têm aproveitado o potencial da colecção existente em Portugal.

Medicina, Farmácia, Agricultura e Biodiesel
Consideradas a «matéria-prima do futuro», as microalgas representam um «enorme potencial para aplicação na medicina e na farmácia, pois são-lhe conhecidos efeitos antioxidantes, imunológicos e anti-cancerígenos», sublinha a investigadora.

"Se tivéssemos capacidade económica para explorar todas as capacidades das microalgas, daríamos passos de gigante em muitas áreas da ciência", frisou.

Em 2000, a FCTUC submeteu à Fundação para a Ciência e Tecnologia um projecto para o "levantamento das potencialidades de aproveitamento das estirpes de microalgas, mas não foi contemplado" com financiamento.

A Spirulina é a microalga mais cultivada a nível mundial e utilizada no combate à obesidade e na despoluição e regeneração dos solos, a Botryococcus tem aplicação na produção de biodiesel, e a Chlorella é usada na aquacultura e alimentação saudável, exemplifica a bióloga da FCTUC.

Estudos para a produção de biodiesel tem levado entidades estrangeiras a procurar a Algoteca da FCTUC, com destaque para a Austrália, Canadá e Índia, referiu.

A rentabilização das potencialidades da colecção de microalgas, afirma a bióloga, passa por «empresas que queiram apostar nesta matéria-prima e por apoios para aquisição de novos equipamentos.

A Algoteca reúne "espécies praticamente de toda a flora portuguesa" e é o resultado do trabalho da investigadora Fátima Santos, que há mais de 30 anos se dedica à colheita, isolamento, identificação e manutenção das culturas de microalgas.

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